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Curtindo ainda um pouco a ressaca da churrascada do natal, começamos a nos preparar para o reveillon.

Nesta data não cozinhamos.

Resolvemos ir a Expo-Lisboa onde haveria queima de fogos.

Fomos primeiro a um restaurante chinês (sempre mais barato) na companhia de mais alguns amigos, como Teresa (também cearence), Zé (um português amigo) e outras pessoas.

Foi um sacrifício chegar, pela grande quantidade de gente que lá estava.

Mais sacrifício mesmo foi voltar.

Como era inverno, logo depois da meia noite começou uma chuva fina que não parou mais. Difícil conseguir comida , pois os restaurantes só aceitavam pacotes completos, com menus prontos e muito caros.

A partir de 3 horas da manhã começamos a tentar voltar pra casa, pois o frio era grande e piorava por causa da chuva. A sensação térmica em Portugal é ainda maior por ser umido e as roupas não conseguem barrar o frio.

Primeiro não havia transportes públicos.

Segundo não havia táxi suficiente para a demanda de gente tentando sair da Expo. A fila no ponto era interminável para alguns minguados carros que apareciam.

Fomos ficando desanimados e resolvemos esperar num ponto de ónibus próximo até que a situação dos transportes públicos se normalizasse.

O tempo parecia que não passava e a nossa agonia aumentava com fome, no frio e na chuva.

Por sorte, quase 6 horas da manhã, um táxi parou ao nosso sinal , depois de vários terem recusado por não estarmos na fila do ponto de táxi.

Nos salvamos.

Aumentava o nosso desejo de voltar pra casa por que lá nos esperava um creme de ervilha que tínhamos deixado pronto na geladeira, caldinho este, que nos acompanhou por muitas manhãs de ressaca em todas as farras que fazíamos até o sol nascer na pequena sala do nosso apartamento.

CREME DE ERVILHA CURA RESSACA
2 pacotes de ervilha secas(desidratadas), pode usar a fresca também, mas com as secas o sabor fica mais acentuado.
3 chouriços português (tipo uma linguiça defumada, tipicamente portuguesa) cortada em rodelas.
1 pé de alface cortadas
2 cebolas cortadas em quatro
1 lata de creme de leite
Alho e pimenta a gosto
E bastante azeite (como é muito barato em Portugal, tudo que fazíamos usávamos azeite)

Refogar o alho, a cebola e o alface no azeite, acrescentava a ervilha e cobrir com agua. Depois de uns 20 minutos, quando a ervilha já estava bem mole, retirar do fogo e deixar esfriar um pouco para bater no liquidificador. Depois de tudo batido em forma de creme, volta a mistura para uma panela onde já tinha refogado o chouriço cortado em rodela no azeite. Deixar mais uns 10 minutos e desligar o fogo. Acrescentar o creme de leite e abafava com a tampa.

No restaurante chinês...



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Logo no começo descobrimos muitas coisas em comum e algumas nem tão comum assim. Entre as nossas divergências estava o fato dele saber e gostar de cozinhar , enquanto eu gostava apenas de comer.

Com um tempo descobri que apesar de não gostar de cozinhar, eu me sai uma ótima ajudante: descascava, cortava e lavava que era uma beleza.

E foi na cozinha dos muitos lugares onde moramos que passamos os nossos melhores momentos.

O primeiro Natal que passamos e cozinhamos juntos resolvemos então fazer um menu bem brasileiro: Picanha Grelhada em bifes, acompanhada de Feijão Preto (quase uma feijoada), farofa (dessas de super mercado) e arroz primavera.

Tudo isso regado com uma boa cerveja mexicana Corona.

Foi uma confraternização muito agradável em companhia de amigos como o Isaac Lenin, Emília (uma figura rara tia do Lenin), Abrahão (outra figura rara) e Sagui com uma namorada portuguesa (atualmente sua esposa).

Ficamos até de manhã na maior cantoria acompanhados pelo violão do Heiga.

Tínhamos sorte com a vizinhança do prédio.











MENU DE NATAL

para 10 pessoas

PICANHA DO DALTHON
Cortada em bifes grossos que foram assados em um grelhador elétrico, único permitido em sacada de apartamentos, e temperados alguns somente com sal grosso e outros temperados com uma pasta de alho.

PASTA DE ALHO
300 g de Alhos descascados
200 ml de óleo (o suficiente para que cubra o alho em uma vasilha pequena)
2 colheres de sopa de manteiga
3 colheres de sopa de azeite
2 folhas de louro
Sal a gosto

Juntar tudo em uma vasilha e bater com varinha magica ou bater no liquidificador até virar uma pasta homogênea. Besuntar os bifes de picanha e deixar algum uns 20 minutos.


FEIJOADA DE IMIGRANTE
1 kg de Feijão Preto (de imigrante, pois na Europa, pensa-se que brasileiro come apenas feijão preto)
10 dentes de alhos amassados
1 cebola grande picada
2 folhas de louro
meio maço de coentro
pimenta do reino e pimenta malagueta a gosto
azeite e sal a gosto
600 g Carne (qualquer tipo de carne de porco ou vaca que você disponha, inclusive linguiça) na medida da metade do feijão.

Cozinhar o feijão separadamente com o sal, azeite e o louro. Reserve a parte.
Para o refogado use mais azeite, o alho, cebola, e todas as carnes cortadas em cubo.
Quando tiver cozido jogue uma concha do caldo do feijão dentro e deixe apurar por 2 minutos.
Depois jogue tudo na panela onde o feijão ta cozinhando.
Quando já estiver pronto desliga o fogo, joga o coentro picado por cima e abafa.


ARROZ PRIMAVERA
1 kg de Arroz
4 dentes de Alho
2 Cebolas grandes
1 lata de milho
1 lata de Ervilha
1 maço de Coentro ou salsinha
2 colheres de manteiga
Batata Palha a gosto

Cozinha o arroz normalmente.
Faz-se a parte um refogado de milho, ervilha, cebola e alho na manteiga e um fio de azeite.
Após este refogado esta bem úmido, misturar com o arroz já pronto, colocar numa travessa, cobrindo com salsinha/coentro e batata palha.













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Nos nos conhecemos no dia 27 de outubro de 2002, dia da votação para eleger o Presidente do Brasil.

Eu, Sandra, fui ao consulado brasileiro votar, juntamente com o Felipe e o Heiga, e lá encontrei uma conhecida que nos convidou para acompanharmos a apuração dos votos junto ao núcleo do PT em Lisboa, pois lá ia ter música e cerveja a preço de custo.

No final da tarde, por "pressão" do Felipe e Heiga resolvi ir acompanhar a apuração dos votos e me divertir um pouco.

E eu, Dalthon, passei o dia fazendo uma pequena "boca de urna" na frente do consulado brasileiro, porém não lembro de ter visto a minha "gatinha" lá.

Fui direto do consulado para o local onde íamos acompanhar a apuração dos votos que ficava no "Rato" em Lisboa.

Nos chegamos praticamente juntos, pois quando eu entrei no lugar, uma amiga em comum me chamou pra tirar uma foto com ela e outras pessoas.

Essas "outras pessoas" eram a minha "gatinha", Felipe e Heiga.

A partir desse momento começou a paquera.

Nesta noite mal nos falamos, apenas uma paquera de leve.

Uma semana depois,no sábado, essa amiga em comum nos colocou em contato. E no mesmo dia saímos a noite.

Chovia muito, mas mesmo assim marcamos um encontro no Metro de Arroios.

Decidimos ir a um tradicional bairro boêmio de Lisboa chamado Bairro Alto, e nos instalamos em um bar frequentado por GLS, mas muito agradável e conhecido, chamado "Portas Largas".

Lá aconteceu o primeiro beijo, mas até então tudo muito sem compromisso.

A partir deste dia a relação foi evoluindo, e fomos nos envolvendo cada vez mais, até decidirmos ir morar juntos, exatamente 2 meses depois de termos nos conhecidos.

Na primeira vez que dormi na casa dela passei a maior vergonha da minha vida, pois estávamos todos assistindo TV, quando ela se levantou e anunciou que ia dormir.

Continuei sentado sem coragem de me levantar por causa dos filhos dela. Depois de muito tempo, já que eles continuavam lá, criei coragem e me levantei pra dormir também. Quase morri de vergonha.

 A primeira fotos juntos, e ainda nem nos conhecíamos...




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Sou cearence de Fortaleza, trabalhei no Banco do Brasil por 13 anos.

Morei em Manaus(AM) e depois em Búzios (RJ).

Voltei a Fortaleza, onde surgiu a oportunidade de vir morar em Portugal, pois nessa época já não trabalhava mais no BB.

Vim acreditando, como muita gente, que Portugal seria a porta de entrada para o restante da Europa.
Já conhecia a Europa, porém somente como turista.

Logo que cheguei fui morar num quarto alugado em uma casa, mas logo depois procurei uma pensão, pois meu filho Felipe, juntamente com um amigo, também estava vindo morar pra cá.

Com a possibilidade da vinda para Portugal da minha filha Rebecca, que estava na Alemanha como Aupair, tratamos de procurar uma casa para alugar. Tivemos um pouco de dificuldade pra encontrar uma casa por conta do preconceito de sermos imigrantes brasileiros (sempre tinha alguém na frente ou aumentavam o valor do aluguel).

Muito procuramos e insistimos que achamos um apartamento num bairro em Lisboa chamado Penha de França.

Quando morava nessa casa com meus dois filhos e um agregado (Heiga) foi que conheci o meu companheiro e marido, a quem chamo de "Bem ou Meu lindo".












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Eu sou Paulista nascido na Capital, porém sabinense (cidade de Sabino-SP) de coração.

Estava no Brasil, recém separado e desempregado, conversando com um amigo de nome Henrique sobre o aumento da imigração de brasileiros para Portugal, decide tentar a sorte na Europa.
Um mês depois desta conversa eu viajei.

Eu tinha tido um patrão português em um restaurante onde trabalhei no Brasil, e ele me deu uma indicação de um ex-sócio dele que também era proprietário de um restaurante em Portugal.

Cheguei até com algum dinheiro e consegui alugar um quarto na casa de uma família evangélica.
Através de umas clientes que frequentavam o restaurante onde trabalhava, consegui um emprego em um atelier de arte.

Já dava pra morar sozinho, num apartamento na praça de Touros em Lisboa, e tinha uma vida até que razoavelmente boa.

Foi nesse momento que conheci minha companheira e esposa, a quem eu chamo de "Gatinha ou Linda"



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Para iniciar este Blog, vamos fazer um breve resumo da trajetoria que percorremos individualmente até que os nossos caminhos se cruzaram, tornando-se assim, o ponto de partida de tudo que relataremos aqui.